Medição da Resistência Ôhmica de um Cabo

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A medição da resistência ôhmica de um cabo é de vital importância para o funcionamento correto de uma instalação fotovoltaica. No meu artigo “Instalação Fotovoltaica: A importância da Resistencia Ôhmica em um Condutor Elétrico”, dou mais informações sobre esse assunto.

Por hora, vamos falar sobre o passo a passo da medição da resistência ôhmica de um cabo fotovoltaico.

O princípio de medição da resistência ôhmica é um método desenvolvido por WilliamThomson, um físico e matemático britânico, nascido na Irlanda no Norte no século XIX, que posteriormente foi agraciado com um título de nobreza, em reconhecimento as suas realizações, passando a ser conhecido como Lord Kelvin.

 Lord Kelvin criou, entre muitas outras coisas, um sistema de medição de resistências elétricas (ôhmicas) muito baixas, conhecido como Ponte de Kelvin, Ponte Dupla de Kelvin, Ponte de Thomson, Método de Kelvin, etc.

Nesse método a resistência elétrica das pontas de medição é desconsiderado. Portanto a medição se torna muito mais precisa, o que é de fundamental importância quando se mede resistências ôhmicas muito baixas, da ordem de mili-ohms. Quem quiser se aprofundar mais sobre esse assunto vai encontrar muito material na Internet.

Por hora, vamos voltar ao nosso passo a passo de medição, conforme proposto.

Os equipamentos utilizados neste processo são:

  • Microhmímetro calibrado;
  • Régua de fixação do cabo, a qual chamaremos de Ponte Kelvin calibrada;
  • A norma ABNT NBR NM 280;
  • Termômetro calibrado.

Um ponto importante é que a distância dos dois pontos de medição interna da nossa régua é exatamente 1 metro, calibrado. Portanto a medição sempre se refere a 1 metro de cabo.

Também, para facilitar o nosso trabalho e garantir a nossa segurança, utilizaremos os equipamentos auxiliares abaixo:

  • Decapador de Fios;
  • Soprador Térmico;
  • Luva térmica.

Montamos o nosso aparato de testes conforme figura abaixo:

Em seguida, com o auxílio de nossos equipamentos auxiliares, removeremos parte da isolação e da cobertura do cabo, expondo o condutor elétrico de cobre estanhado, tomando-se muito cuidado pois não queremos romper nenhum fio do cabo.

Fixamos o cabo a ser medido ao nosso aparato de medição conforme foto abaixo:

Lembrando que, tanto o aparato como o cabo, devem estar na mesma temperatura ambiente do local onde se faz a medição. Recomenda-se deixar o cabo dentro da sala por um período para que ocorra a equalização da temperatura.

O próximo passo, é ligar o microhmímetro e ajustar a sua escala, para a medição de grandezas da ordem de mili-ohms.

Feito isso, registrar o valor indicado no visor do microhmímetro, conforme exemplo abaixo

Também é importante registrar a temperatura ambiente em que a temperatura foi feita.

No nosso exemplo, o valor acusado no microhmímetro foi de 3,25 mΩ/m (três virgula vinte e cinco mili-ohms por metro) e a temperatura ambiente no momento da medição foi de 25,7°C.

Em seguida, na Através da tabela 5, da página 13 da norma ABNT NBR NM 280, localizamos a temperatura de medição e o seu respectivo fator de correção. Utilizaremos a temperatura de 26°C, que é a mais próxima a de 25,7°C, encontra.

No nosso exemplo, o fator de correção encontrado foi de 0,977.

Então, multiplicaremos o valor encontrado na medição, que foi de 3,25 mΩ/m   por 0,977, obtendo o valor da resistência corrigida a 20°C de 3,18 mΩ/m.

A resistência de 3,18 mΩ/m equivalem a resistência de 3,18 Ω/km.

Fazemos isso pois a temperatura de medição da resistência ôhmica da norma é de 20°C. Então temos que fazer a correlação do valor da resistência encontrada a temperatura da medição com a da tabela da norma, medida a 20°C.

Calculado isso, vamos comparar o valor obtido acima com a máxima resistência permitida a 20°C, na tabela 3, coluna 4, da página 11 da norma ABNT NBR NM 280.

O valor obtido, deve ser menor ou igual ao indicado na norma, em função da seção do cabo.

Admitindo-se que o nosso cabo em teste tem uma seção de 6 mm², o valor máximo permitido seria de 3,39 Ω/km. Portanto o nosso cabo estaria dentro dos parâmetros especificados pela norma (3,18 Ω/km ≤ 3,39 Ω/km).

ERROS COMUNS DURANTE O PROCESSO DE MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA ÔHMICA:

  1. Medir a resistência ôhmica logo após o decape, onde o cabo ainda está aquecido pelo soprador térmico.
  2. Medir o cabo sem que a temperatura do mesmo seja a mesma do ambiente onde ele se encontra.
  3. Medir a temperatura, com um termômetro que foi colocado no local, a pouco tempo e ainda não atingiu a estabilidade térmica.
  4. Medir a resistência ôhmica e não fazer a correlação com o fator de conversão térmica.
  5. Medir a resistência ôhmica sem que o cabo esteja bem fixado nos 4 mordentes.
  6. Medir a resistência ôhmica de um cabo que teve alguns fios danificados (rompidos) durante o decape.

BIBLIOGRAFIA:

  1. “The New Oxford Dictionary of Scientific Writers and Editors”, Elizabeth A. Martin, Oxford University Press; 2nd edition (June 22, 2009)
  1. Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR NM 280:2011.
  1. Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 16612:2020.
  1. “Procedimento de Medição de Resistencia Ôhmica de Cabos Fotovoltaicos” – New Cabos Ltda

CURRÍCULO
Wagner Boudart é graduado em Tecnologia Mecânica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), tendo trabalhado em indústrias multinacionais de grande porte, nas áreas de Engenharia Industrial e como “New Product Launch”. Possui diversos cursos, inclusive internacionais, tendo trabalhado na Alemanha, Hungria, Estados Unidos da América, entre outros lugares. Atualmente é responsável pelas Engenharias de Produto, Industrial e de Qualidade da New Cabos Ltda, fabricante de cabos fotovoltaicos.

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